segunda-feira, janeiro 15, 2007

Juramento de Hipocrates e a Ética do Aborto

Hipócrates (em grego, πποκράτης) — (Cós, 460–Tessália, 377 A.C.) é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado "pai da medicina".
Hipócrates era um asclepíade, isto é, membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde.
Nascido numa ilha grega, os dados sobre sua vida são incertos ou pouco confiáveis. Parece certo, contudo,que viajou pela Grécia e que esteve no oriente próximo.
Nas obras hipocráticas há uma série de descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como a malária,papeira,pneumonia e tuberculose.

Para o estudioso grego, muitas epidemias relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam.
Muitos de seus comentários nos Aforismos são ainda hoje válidos.
Seus escritos sobre anatomia contém descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação quanto sobre procedimentos práticos.
Foi o líder incontestável da chamada "Escola de Cós".
O que resta das suas obras testemunha a rejeição da superstição e das práticas mágicas da "saúde" primitiva, direccionando os conhecimentos em saúde no caminho científico.
Hipócrates fundamentou a sua prática (e a sua forma de compreender o organismo humano, incluindo a personalidade) na teoria dos quatro humores corporais ( sangue, fluegma ou pituíta, bílis amarela e bílis negra) que, consoante as quantidades relativas presentes no corpo, levariam a estados de equilíbrio (eucrasia) ou de doença e dor (discrasia).
Esta teoria influenciou, por exemplo, Galeno, que desenvolveu a teoria dos humores e que dominou o conhecimento até o século XVIII.
Sua ética resume-se no famoso Juramento de Hipócrates.

Feita a apresentação,para contextualizar apresentamos agora alguns extractos de discursos, disponíveis no Site da Ordem dos Médicos a respeito do juramento de 290 novos médicos da secção regional do sul.
Os extractos dos discurso que de seguida apresentamos têm como seus autores:

Drª Isabel Caixeiro – Presidente da Secção Regional do Sul
Dr.Pedro Nunes – Bastonário da Ordem dos Médicos.

“A todos vós que hoje publicamente assumem a vossa condição de médicos, não vos vou dizer que a tarefa será fácil. Nunca foi fácil ser médico!”“Este é também um momento de responsabilidade, - acrescentou a Presidente da SRS - porque, ao acabarem de ler o Juramento de Hipócrates, assumiram publicamente um compromisso que vos acompanhará o resto das vossas vidas” e porque “será necessário coragem para que as agressões desta sociedade mediatizada em que vivemos não minem a vossa independência, a vossa autoridade, a vossa vontade, a vossa liberdade de decisão clínica, fazendo-vos cair numa medicina defensiva”.
“A Ética Médica que vão assumir defender, ao prestarem o Juramento de Hipócrates, será o vosso guia, o compromisso milenar de defesa dos valores superiores da humanidade”

Drª Isabel Caixeiro

“Jurem que não haverá doentes de primeira e de segunda.
Na ideologia que hoje aceitam, todos os homens valem pelo simples facto de o ser e todos são por igual o objecto do vosso dedicado esforço”.“Jurem não temer qualquer ameaça, nem se deixar seduzir pelo canto sibilino de sereia que vos advogue a vantagem de violar aquilo a que hoje se comprometem”

“Jurem ao vosso doente, só a ele, a ninguém mais que ele, guardarão fidelidade”

Dr.Pedro Nunes


Para quem não conheçe, seguem os dois juramentos, o original e a versão hoje admitida.

“ O Juramento Original “

" Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.
A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda.
Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

“ O Juramento ACTUAL “

Ao ser admitido como membro da profissão médica, juro solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Guardarei o respeito e o reconhecimento que são devidos aos meus mestres.
Considerarei a saúde do meu doente como meu primeiro cuidado.
Respeitarei o segredo que me for confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica. Os meus colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, política ou condição social se entreponham entre o meu dever e o meu doente.
Guardarei respeito absoluto pela vida humana desde o início, mesmo sob ameaça.
Não farei uso dos meus conhecimentos contra as leis da humanidade.
Faço este juramento solenemente, livremente e pela minha honra
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto!
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça!"

Sabemos que a Moral é um conceito subjectivo, mas verdade seja dita que ao Jurar Solenemente consagrar a sua vida ao serviço da Humanidade, como é possível que não haja um conflito ético num médico ao aceitar aplicar os seus conhecimentos contra uma vida, a mesma vida que jurou respeito absoluto desde o início....

DIGA NÃO Á LIBERALIZAÇÃO DO ABORTO !