quarta-feira, dezembro 07, 2005

A Murtosa de Lá e a Murtosa de Cá – Parte II

Bela frase do então presidente da Câmara S.Sousa quando se levou á cena em Newark uma peça baseada na mais que famosa Caldeirada á Murtoseira.

Não existem emigrantes de primeira nem de segunda (apesar de quem para aquelas bandas emigrou,numa célebre noite no East Side High School ter ouvido esta classificação ser proferida por um dos mais proeminentes politicos da nossa praça,hoje candidato a Presidente da Republica, mas isso são outros desagravos...) mas é inegável a importância que assumiu a emigração Murtoseira para os Estados Unidos em particular a que fixou residência em Newark. É de tal forma reconhecida a sua importância que Newark e a Murtosa se geminaram.
Mas será que essa geminação trouxe os de lá mais perto dos de cá e vice versa?
Honestamente creio que não. Para os de lá os tempos são outros, as facilidades são outras hoje com as novas tecnologias disponíveis como a internet estreitarem as distâncias, para os de cá os tempos são os mesmos ou seja só se lembram dos de lá quando precisam de “cash” para esta ou aquela obra ou então quando os de “lá” visitam a terra e se promovem os diversos convívios de emigrantes, que ciclicamnete vemso todos os anos por altura do verão.

Não é concerteza pelos “emigrantes primeiros” que se vão aproximar os de “lá” com os de “cá” a aproximação terá que se feita e deverá ser feita pelas gerações seguintes dos que emigraram, a maioria deles nascidos fora da Murtosa e com um vínculo muito ténue á terra dos seus pais e avós. Acham que é só por causa da valorização do Euro face ao Dollar que já não vemos as “hordas” de americanos na Murtosa na época de verão?
O desapego começa a tornar-se por demais evidente. Fazem-se reportagens sobre os antigos emigrantes (há uns tempos a revista do do jornal “O Correio da Manhã” fez extensa reportagem sobre a matéria), falava-se inclusivé dos que ainda hoje emigram para os Estados Unidos, das razões que os levam a abandonar a terra natal e das dificuldades que encontram e superam, mas todos se esquecem e sempre esqueceram aliás dos filhos dos emigrantes que adoptaram a Murtosa e Portugal como sua terra natal, ( o outro lado da emigração) mais se esqueceram dos que sem ter a necessidade de sair de Portugal tiveram a necessidade de sair da Murtosa para fazer vida noutras regiões do País, desses não se fala, as dificuldades que tiverem que ultrapassar para singrar na vida não são objecto de reportagem e as saudades que sentem da Murtosa não são iguais aos restantes que dela tiveram que abdicar....

Que tenha conhecimento creio que se faz em Lisboa todos os anos um encontro de gentes da Murtosa e Estarreja mas é um encontro que passa por completo á margem dos que por cá moram, não tendo inclusivé a relevância duma festa das enguias.... Em 2001 fez-se o mais dificil que foi levar ás gentes de Newark uma encenação da Caldeirada á Murtoseira a que graciosamente apelidaram de “Murtosa Revisitada” ,conseguiram mobilizar gentes do outro lado do atlântico, preparar a logística de um evento do género com cenários mandados fazer de propósito e enviados de Portugal, associado ao alojamento da comitiva e tudo o demais, mas não se conseguiu levar a mesma “entourage” a organizar-se e mobilizar-se para levar a peça aos Murtoseiros deslocados noutros pontos do País, i.e. integrada no tal convívio anual feito em Lisboa, nem disso se lembraram ou então ir a Lisboa, ao ao Porto e a outros pontos do País onde exista uma concentração de Murtoseiros não é tão apelativo aos “artistas” como uma viagem aos Estados Unidos....

Por isso digo, repito e subscrevo vezes sem conta a sabedoria marinhoa nesta matéria : “Ai Murtosa que és tão boa Madrasta mas tão fraca Mãe”

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ESTOU COMPLETAMENTE DE ACORDO COM AQUILO QUE SE ESCREVEU !
OS MURTOSEIROS NÃO ESTÃO SO EM NEWARK-USA !
UM ABRAÇO FORTE DA ALEMANHA !
ALBINO BRANCO

sábado, 17 dezembro, 2005  

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