terça-feira, fevereiro 13, 2007

The Day After

De acordo com o site da Comissão Nacional de Eleições, são estes os resultados do referendo do passado dia 11 de Fevereiro:

SIM: 59.25%
NÃO: 40.75%
BRANCOS: 1.25%
NULOS: 0.68%
ABSTENÇÃO: 56.39%

1ª Conclusão: Menos de metade da população de Portugal se dignou expressar o seu voto ou seja Portugal ainda não está, nem de longe nem de perto preparado para discutir a questão do aborto. As razões podem ser as mais variadas, desde os discursos por vezes extremos de parte a parte, até á iluminação celestial de alguns políticos da nossa praça, onde não bastando as diversas infelizes tiradas ao longo da campanha, em noite de referendo fazem as mais que disparatadas alusões aos católicos… Claro que só podíamos estar a falar do inenarrável Francisco Louça.

2ª Conclusão: A questão do aborto foi mais do que uma questão de consciência, mais que uma questão de verdadeiramente querer fazer algo que de forma assertiva ajudasse a resolver esta problemática, foi uma questão POLITICA, tão só porque se tratou de uma promessa de campanha eleitoral do PS e tratada como só o PS o sabe fazer ou seja quando o problema do seu ponto de vista ou tem uma resolução difícil ou quase impossível então legaliza-se o mesmo. Foi esta precisamente a mesma abordagem que foi tomada a quando da discussão da despenalização das drogas leves que levou ao “nascimento” do aborto publico designado por salas de chuto.

3ª Conclusão: Havendo no futuro próximo uma alteração no quadro politico em Portugal, dado os resultados obtidos neste referendo, com particular destaque para o nível de abstenção, torna-se lícito que o quadrante politico vingente na altura, arvore como sua bandeira de campanha uma nova consulta popular sobre a matéria.

Batemo-nos CONTRA a liberalização do aborto e mantemos a nossa posição firmemente, resta agora ver:
- Os níveis de abortos clandestinos a diminuir drasticamente.
- Os custos do SNS não dispararem e estarem preparados para enfrentar o que aí vem, pois se os abortos clandestinos eram assim tantos quantos os advogados durante a campanha, toda essa gente vai agora acorrer aos hospitais ou estabelecimentos legalmente autorizados para a pratica do aborto.
- Como a comunidade médica vai reagir á imposição da lei em praticar um aborto, mesmo quando isso choque frontalmente contra as suas convicções, pese embora neste capítulo mais uma vez o inenarrável F.Louçã não reconheça o direito á objecção de consciência …
- O número de mortes a diminuir drasticamente.
- O aborto constar na lista de contraceptivos.
Não vamos ficar a aguardar num canto escuro a ver o castelo ruir, para quando estiver tudo em chamas sair e gritar: Mas não vos avisamos de que seriam estas as consequências? – Vamos ficar atentos, participar, chamar á atenção quando as coisas começarem a descarrilar, propor soluções alternativas e esperar que o pior não aconteça.

Pena é que a nossa praça politica só queira seguir o que de pior exemplo nos pode dar alguns países da Europa.
Politicas sociais como existem na Holanda, Suiça ou no Luxemburgo?...
Não muito obrigado, preferimos abortar…
Politicas que promovam um planeamento sexual equilibrado, onde a informação chegue a todos e seja acessível e comparticipada ou até gratuita?...
Não muito obrigado, preferimos abortar…

Andamos ás arrecuas e parece que não sabemos andar de outra forma.

Liberalizar não é solução. Abortar a pedido só porque SIM… não é solução.