segunda-feira, novembro 05, 2007

Eco Museu da Murtosa

Murtosa: Eco Museu da Ria pode transformar-se num pólo dinamizador

O cais da Bestida pode vir a receber um dos mais importantes projectos que a Câmara Municipal da Murtosa tem para o futuro do concelho. O Eco Museu da Ria pode transformar-se num pólo dinamizador do turismo local e da região da Ria de Aveiro

O projecto Eco Museu da Ria, levado a cabo pela Câmara Municipal da Murtosa, entregou recentemente o estudo de impacto ambiental à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC). A autarquia aguarda agora o parecer relativo ao documento apresentado. O maior entrave à concretização desta ideia da autarquia murtoseira é a sua localização, uma vez que esta prevê a utilização de terrenos de reserva natural e agrícola. Para que o projecto possa ser realizado, terá que se proceder à desanexação de parcelas de terrenos da Reserva Ecológica Nacional, localizados na Mama Parda, zona a sul do cais da Bestida. Uma equipa da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, liderada pelo Arquitecto Mário Moutinho tem desenvolvido o projecto em conjunto com a Câmara Municipal da Murtosa, mentora da ideia, que já existia há vários anos. O falecido padre António foi das primeiras pessoas a falar deste museu e António Santos Sousa, actual presidente da Câmara Municipal da Murtosa, recuperou a ideia em 1998, durante a apresentação do livro de Maria Luísa Moutinho, «Solidariedade e Sobrevivência na Ria de Aveiro – Pescadores do Chinchorro da Torreira». No seu discurso, Santos Sousa mencionou a necessidade de criar um espaço que homenageasse a Ria e que a mostrasse a todos em toda a sua plenitude. No final da cerimónia, Maria Luísa Monteiro sugeriu ao autarca murtoseiro o nome do arquitecto Mário Moutinho para ajudar a concretizar esta ideia. Pouco tempo depois, a Câmara da Murtosa assinava um protocolo com a Universidade Lusófona e dava início a todo o processo de criação do Eco Museu da Ria. Em Outubro de 2000 foi apresentada a maqueta do projecto e, até hoje, o plano tem sido apresentado em vários certames e fóruns da especialidade, onde tem recolhido as melhores considerações. O maior entrave à sua concretização tem sido a necessidade de desanexação de terrenos integrados em Reserva Ecológica. Outra questão necessária à concretização do projecto prende-se com o financiamento. A Câmara Municipal da Murtosa não tem possibilidades financeiras para custear sozinha a construção do Eco- Museu da Ria e vai procurar financiamento público e parceiros que possam ajudar nesta iniciativa. Uma porta aberta ao desenvolvimento Para a Câmara Municipal da Murtosa este é um projecto-âncora para o concelho. Joaquim Baptista, vice-presidente da autarquia murtoseira, explica que sempre houve a ideia de que o plano ambiental em que a Murtosa se situava, tendo em conta os cerca de 80 por cento de território integrado em reservas naturais e agrícolas, prejudicava o desenvolvimento local. «Dizia-se que o ambiente era um constrangimento ao desenvolvimento do concelho», afirma, acrescentando que «este executivo decidiu que se poderia transformar o constrangimento numa mais-valia». O património ambiental «único» poderia, segundo Joaquim Baptista, ser dado às pessoas, para que estas pudessem desfrutar dele como uma alternativa ao sol e mar, oferecido pela praia da Torreira. «Temos que ter uma opção turística que quebre a sazonalidade da época de praia, trazendo pessoas à Murtosa durante todo o ano», justifica. De acordo com Joaquim Baptista, o Eco Museu da Ria tem outra vertente que consiste em abrir as portas a todos os concelhos integrados na Ria de Aveiro. «ste projecto pode ser complementado com pólos criados nos vários concelhos da Ria», sustenta. A localização perto do cais da Bestida oferece a possibilidade dos visitantes acederem facilmente ao espaço, que pretende desenvolver as componentes cultural, económica, científica e tradicional que a Ria potencia. Uma ideia que o projecto quer dinamizar é a criação de um estaleiro com ancoradouro, onde os visitantes possam ver de perto as verdadeiras embarcações que habitam a Ria de Aveiro, podendo acompanhar todo o processo de construção e manutenção. Neste espaço, o Eco Museu também permitirá às pessoas que trabalham com as embarcações ter melhores condições de trabalho. No Eco Museu também haverá espaço para um restaurante, um bar, salas de actividades, dois auditórios e um BioDomo. O BioDomo será uma espécie de Oceanário, onde o museu pretende recolher as várias espécies existentes em toda a Ria de Aveiro e apresentar o micro sistema da laguna. Outras potencialidades Junto ao Eco Museu, o projecto também prevê a criação de uma pousada da juventude para que os jovens visitantes e estudantes possam ficar alguns dias a desfrutar das potencialidades e informação do museu. Outra ideia é criar uma pequena unidade hoteleira com 30 quartos, integrados numa construção simples e de pequenas dimensões que estará ligada ao museu e permitirá assegurar parte da auto-sustentabilidade do projecto. «Trará sustentabilidade económica ao projecto e permitirá que este não se transforme num elefante branco, uma vez que a Câmara não tem possibilidades de o financiar sozinha», refere Joaquim Baptista. Com o Eco Museu, a Câmara Municipal da Murtosa apresenta um projecto que pretende ser um «hall de entrada» de uma casa que é a Ria de Aveiro. «A partir do Eco Museu abrimos as portas para as várias divisões da casa (concelhos e ex-libris da Ria)», afirma o vice-presidente murtoseiro. No entender deste executivo camarário, a Ria não é um só espaço em cada concelho que a integra. A Ria é um todo que se complementa nos vários municípios que abarca. O Eco Museu pode funcionar como o princípio de uma grande visita pela região da Ria e por todas as suas maravilhosas paisagens, monumentos, tradições, gastronomia e cultura.

"In Diário de Aveiro"
By: Carmen Martins

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Será que é esta a desculpa para que no imediato não haja qualquer projecto ou investimento municipal palpável na parte nascente da ria?
Quanto custaria uma praia fluvial na freguesia da Murtosa ou na do Bunheiro?
Por amor de Deus não tapem o sol com a peneira.

quinta-feira, 06 dezembro, 2007  

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