O Cais da Béstida

Sei que dinheiros a fundo perdido são isso mesmo , perdem-se no fundo de uma qualquer coisa....
Então foi p’ra isto que “ressuscitaram” o cais da béstida?
Antes a morte que a má sorte diz o povo.
Voltou o cais á sua velha sina antes de lhe terem dado um sopro de esperança de que se calhar ainda poderia vir a representar um papel de relativo interesse na vida dos Murtoseiros.
Longe os tempos de glória em que a sua utilidade foi inquestionável até á construção da ponte da varela, mas certamente não merecia a sorte a que foi votada durante anos a fio até que umas almas movidas por um qualquer dever “p’ro bono” em prol da Murtosa lhe resolveram devolver , não a sua utilidade primária mas a sua dignidade como marco da história da Murtosa.
Tanto se escreveu e tanto se enalteceu na altura os “p’ro bonos” Murtoseiros e verdade seja dita que enquanto durou o espirito “p’ro bono” era um dos locais mais aprazíveis de se estar, uma alternativa á Torreira e um encanto de perder de vista.
Quantas promessas de amor foram forjados naquele cais entre travessias ?
Quantos suspiros ouviu aquele cais e quiçá ainda ouve ?
Quantas serenatas inspirou ?
Dos que usufruiram da sua utilidade primária muita saudade, boas memórias e histórias devem reter e hoje ao olhar o que sobra do cais da béstida ,perdida num fundo qualquer dum lugar qualquer que só Deus e poucos mais saberão, resta-lhes dizer com uma mágoa que concerteza lhes tolda a voz : “Antes a morte que a má sorte.”
Já nem avento a possibilidade de se tentar rentabilizar económicamente o local, mas por dever aos cargos que ocupam e por respeito aos Murtoseiros que os colocaram nesses lugares, devem e em minha opinião e a isso são obrigados, os dirigentes politicos da Murtosa mostrar alguma vontade em encontrar uma solução condigna para esta questão, nem que seja relegar de uma vez por todas para um fundo qualquer perdido do olhar estas intenções\acções que de beneméritas e “p’ro bono” só existem na interpretação pessoal dos interesses pessoais de quem as patrocina.
A Murtosa não precisava disto.