sábado, abril 30, 2005

A origem da Murtosa – A Lenda

Tudo o que é belo para além de ter a sua origem baseada em factos históricos, também tem a sua lenda, a isso a Murtosa não escapa.
A nossa documentou-a o saudoso Prof. J.Vilar.

"Diz-se, na tradição corrente, que a progenitora do grande povo da Murtosa terá sido uma moça muito bonita, chamada Teresa Caqueja, natural de Fermelã, desterrada para aqui em expiação de crime que a tradição não pormenoriza.
A Murtosa então, ainda sem nome, era terra de condenados ao desterro. Sozinha entre o céu e a terra lodosa, construiu a primeira casa de tábuas, uma arrecoleta ou recoleta na costa do Chegado, no local que ainda conserva o nome de "Chão das Figueiras". Sobreviveu.
Arroteou um pedaço de terreno, fez horta, semeou e viveu do que colhia.

Um dia, um pescador que passava encostou o barco à borda. Encontrou a Teresa sozinha. Falaram. Eram ambos moços. Amaram-se e casaram. Tiveram filhos. Entre fomes e farturas cresceram e multiplicaram-se no cumprimento do mandato genesíaco. Ele na água, pescando, arrancando o estrume para os campos. Ela tratando da terra. Ambos na simbiose característica da nossa gente "anfíbia" como, séculos depois, escrevia Raul Brandão."

VILAR, Jaime - Lenda ou Tradição?

sábado, abril 23, 2005

Factos Históricos

A Murtosa é de formação geológica recente, conquistada naturalmente às águas e foi durante muitos séculos lodo e pântano.
À medida que as águas recuaram, cresceu e solidificou-se, tornando-se um convite à fixação dos primeiros habitantes, ainda receosos das doenças que empestavam a região.
Já em tempos mais chegados a nós, os males do paludismo, as sezões ou maleitas eram um flagelo para quem aqui vivia. Daí o culto ao S. Paio, advogado das sezões.

Hoje o concelho é constituído por quatro freguesias: Murtosa (cujo centro é Pardelhas), Monte, Bunheiro e Torreira ( entretanto elevada a vila ).

Já nos princípios do séc. XIII, há referências a Pardelhas, pertencente ao termo de Figueiredo. Nos séc. XVI, numa espécie de censo da população, a Murtosa aparece como pertencente ao termo da vila de Antuã.

A freguesia da Torreira fez parte do termo de Cabanões e, mais tarde, de Ovar, passando para o concelho de Estarreja em 1855, onde se manteve até à constituição do concelho da Murtosa.

O Monte era um lugar da Murtosa até à sua criação como freguesia civil, em 17 de Julho de 1933.

O Bunheiro pertenceu à freguesia de Avança, devendo ter sido destacado pelos fins do séc. XVI.

A prosperidade agrícola e económica da região levou a que a Murtosa se tornasse sede de concelho próprio e fosse elevada a Vila em 29 de Outubro de 1926.

É Padroeiro do concelho Nossa Senhora da Natividade.
Na história do concelho, destaca-se a importância da emigração.
Os murtoseiros emigraram sobretudo para os E.U.A., Brasil, Venezuela, França e Alemanha. Dentro do território nacional, os movimentos migratórios verificaram-se para o Porto e Lisboa e para zonas costeiras, como Cascais, Sesimbra, Setúbal, Alcácer do Sal e Olhão.

segunda-feira, abril 18, 2005

As cegonhas estão de volta - Oh Não...


Posted by Hello

Sou tão ecologista como o meu vizinho, mas falando com pessoas que vivem nas cercanias de ninhos de cegonhas percebo o pesadelo do seu dia a dia, aliás basta ver o recente episódio da remoção dos ninhos na igreja de Pardelhas, se existe ilação a retirar é a de que a coexistência urbana não é pacífica.
Há que d’el Rei se alguem se atrever em “deslocalizar” um ninho de cegonhas, tudo quanto é associações ambientais e demais pseudo intelectuais arvorados em defensores ambientais mas que vivem longe q.b. desta situação lhe caírá em cima. Li em diversos comentários a posts colocados pelos diversos blogs apelidarem esta postura de fundamentalismo ecológico, acho a comparação exagerada no entanto também acho exagerada a cegueria da maioria dos bloggers e comentadores em não reconhecer a existência de um lado menos benéfico,menos “simpático”, da existência destas aves quando inseridas num meio urbano.Se pelas mais diversas razões as cegonhas têm a sua importância, o que ninguém nega de forma alguma,então que se crie as condições necessárias para que nidifiquem de forma segura e sem entrar em conflito com o ser humano, pois a simbiose entre os dois, senão muito dificil em meios urbanos é impossível dada a conflitualidade.
As fotos são belas,quem já não as viu nos mais diversos locais na Murtosa a proporcionar um cenário muito bonito efectivamente, mas creio que a postura dos bloguistas não serve os propósitos nem das cegonhas nem das pessoas pois ao limitar os seus “serviços” á denúncia e procura de culpados, dada a posição humana de ser governante sobre a terra o mar e o céu, não será dificil de antever o resultado final, todos sabemos que existem leis que regem estas situações e que ninguém está ou deveria estar acima delas,mas a verdade é nua e crua ou seja os ninhos foram abaixo e a responsabilidade vai morrer “solteira”. Creio que até á data o único blog que versou de uma forma “construtiva” esta questão foi o “Murtoseiro”, pois fugiu á fácil tentação de procurar culpados e debruçou-se sobre o que efectivamente era pertinente : factos e legislação (a maioria dos bloguistas concerteza não sabia nem uma coisa nem outra ou então muito pouco das duas).

As opiniões dos outros, bloguistas ou não, com a cara orgulhosamente destapada ou sob capa anónima,sendo que da condição anónima não se retira a ilação de cobardia, desde que não insultuosos, deveria ser respeitada, mesmo que vá contra ou os nossos princípios ou as nossas convicções, quando vejo esta situação resvalar para uma condição do género: quem não está connosco está contra nós e quando o “contra nós” sob capa anónima é catalogado de cobarde, acabam por dar razão a quem adjectiva as posturas tomadas como fundamentalistas...

Da pluralidade de ideas se produzem as melhores soluções,portanto se existem sentimentos de verdadeiro interesse pelo bem estar das cegonhas,quer se concorde ou não com a remoção dos ninhos (e não estou a expressar uma opinião minha sobre a matéria, comento na generalidade), quer se goste ou não de cegonhas, quer se concorde ou não com os métodos utilizados (não verso a questão legal desta matéria pois ela é clara), que se ponha toda esta sinergia em redor das cegonhas a bom uso e em proveito delas e não nos limitemos á simples procura de culpados, nem utilizemos estes nossos espaços para ensaios de puritanas virtudes, camufladas sob uma capa de modéstia, as cegonhas certamente não agradecerão...

Que se coloque estas sinergias ao serviço das cegonhas por forma a que se fomente a criação das condições necessárias para que vivam em paz no meio de nós sem conflitualidade.Pelo que me toca, já tomei em consciência as acções que entendi que deveria tomar.

domingo, abril 10, 2005

PARDELHAS – A Origem da Murtosa ( II )

Já nos princípios do séc. XIII, há referências a Pardelhas, pertencente ao termo de Figueiredo e os seus moradores eram foreiros do mosteiro de Vila Cova, situado na freguesia de Sandim.
Sabe-se que, já em 7 de Março de 1287, mandava el-rei D. Dinis que lá não exercesse jurisdição o juiz da Feira. O convento de Vila Cova pôs-lhe depois seu juiz e procurador, até que, em 13 de Maio do ano de 1358, por carta de el-rei D. Pedro, ficou assente que toda a jurisdição do crime e do cível pertencia ao concelho de Figueiredo. O mosteiro de Vila-Cova obteve para os seus caseiros e lavradores que moravam em Pardelhas alguns privilégios por cartas de 2 de Janeiro de 1448 e 3 de Novembro de 1451.

As freiras beneditinas tiveram questão sobre as rendas de Pardelhas com Jorge Moniz, senhor de Angeja, em 1575, e com o Marquês de Angeja em 1756."
OLIVEIRA, Miguel de - Rótula Histórica da MurtosaProgresso da Murtosa. Murtosa: Mário Silva. Nº. 369 (1936).

Parece que a paróquia já existia em princípios do século XVI. Numa espécie de censo da população, feito em 1527, aparece no termo da Vila da Bemposta, "cabeça do concelho de Figueiredo", a "aldeia de Pardelhas e freguesia", com 47 vizinhos.
A "aldeia da Murtosa e sua juradia", pertencia então ao termo da vila de Antuã e tinha 22 vizinhos. As duas aldeias (Pardelhas e Murtosa) somavam, pois 69 vizinhos - núcleo populacional importante, comparado com outros: Estarreja tinha 50, Salreu 37, Avanca 50, Pardilhó 20, Saidouros (Bunheiro) 19, Aveiras (Veiros) 34.

No século XVI, o convento de S. Bento da Ave-Maria organizou o tombo das suas propriedades em Pardelhas e, em 1697, mandou erigir novos marcos de pedra com o báculo de S. Bento e a respectiva data.
No auto de demarcação, fala-se no "arco da capela-mor da igreja velha da Murtosa", antecessora da actual.

sexta-feira, abril 08, 2005

Até um Dia.... João Paulo II 1920 - 2005



...Respondeste Tú...................
Posted by Hello

Todos Juntos...



Num último Adeus...
Posted by Hello

segunda-feira, abril 04, 2005

PARDELHAS – A Origem da Murtosa ( I )

O estabelecimento das primeiras povoações na Murtosa ficará a dever-se a pescadores de origem nórdica e mediterrânica que instalando-se com as suas famílias, aqui se juntaram aos naturais do sítio.

Esta fusão ter-se-á dado no decorrer da primeira dinastia, ao encontro da política de fixação levada a cabo pelos primeiros reis.
O povoamento tardio da zona atribui-se à sua própria natureza, já que o solo era quase totalmente coberto por areias movediças, pauis, terras encharcadas e lamaçentas, dunas indomáveis e uma série de canais, tornando praticamente impossíveis a fixação e a habitabilidade da área marginal à laguna.

Tal só passou a verificar-se à medida que se foi procedendo ao seu arroteamento, tornando fértil aquela quantidade de terrenos estéreis. Assim, os habitantes foram desenvolvendo actividades agrícolas e piscatórias, que ainda constituem a principal fonte de rendimentos para grande parte da população.

A primeira referência ao reguengo de Pardelhas aparece em 1220, numa relação das propriedades dos mosteiros e ordens religiosas da Terra de Santa Maria. Neste documento aquele reguengo é assinalado como pertença do Mosteiro de Vila Cova de Sandim, dos mais antigos de Portugal, fundado por monjas beneditinas. Alguns autores consideram este documento, da primeira metade do século XIII, como a “certidão de baptismo” da Murtosa.

Depois de arroteados os terrenos arenosos e alagadiços, as terras da Murtosa revelaram-se extremamente férteis. Grande parte desta fertilidade deve-se à Ria, mais concretamente ao moliço retirado das suas águas, que utilizado como adubo, conferia aos solos admirável abundância.

A pesca é outra das actividades tradicionais murtoseiras, para a qual conta não só a magnífica laguna, mas também o mar. A pesca marítima é particularmente importante na Torreira, cuja costa foi dos principais centros piscatórios da Beira Litoral.
As póvoas de S. Jacinto (concelho de Aveiro) e da Torreira são, ainda hoje, consideradas duas das mais importantes do litoral entre Espinho e Mira.

No passado, o mercado de Pardelhas chegou a ser um dos grandes núcleos abastecedores de pescaria, a que acorriam almocreves de vários pontos do país.