segunda-feira, setembro 24, 2007

A Caminho de Ontem

Foi interessante ver o presidente da A.E.P ( Associação Empresarial de Portugal ) Ludgero Marques, voltar novamente á carga com a necessidade de flexibilizar os despedimentos, facilitando os mesmos, sendo que só assim se poderá impulsionar a economia, incentivar o investimento e salvar as empresas. Flexibilizar os despedimentos, no entender de Ludgero Marques será um salto qualitativo, senão o que os empresários estarão a fazer é “aguentar os trabalhadores” Uma postura destas só revela uma crónica miopia empresarial e um saudosismo incompreensível de um modelo de gestão fundamentado no medo, tendo por princípio absoluto que se um empregado tiver medo de perder o seu posto de trabalho renderá muito mais que aquele que se sente “confortável” e “seguro”. Esta miopia só é possível face ao distanciamento que muitos empresários portugueses têm da realidade Europeia e Mundial (e aqui sim não nos importamos que nos comparem e tentem elevar a esse nível), a única coisa que estes “Barões Empresariais” vêm e têm como focus é o aumento da produtividade das suas contas bancárias. Ao ter uma maior “rotatividade de funcionários” têm sempre “carne fresca” a trabalhar a baixos custos e estão sempre na calha para os famigerados subsídios e reduções de carga fiscal pelo simples facto de estarem a contratar trabalhadores para o seu primeiro emprego, estatisticamente vendo as coisas (pois esta gente tem uma pura aversão em sair dos seus escritórios e descer ao mundo real) o cenário até se apresentaria evolutivo, estatisticamente estariam a ser criados vários novos postos de trabalho…. O conceito de que um trabalhador rende mais se sente o seu lugar em perigo, até pode ter algum sustento, mas será que rende em qualidade? E se não rende em qualidade qual é o custo dessa “Não-Qualidade” versus um trabalhador que quando faz bem faz bem á primeira? Veja-se o caso da Mattel, fabricar brinquedos na Ásia em termos de mão-de-obra é uma pechincha e os custos face aos lucros são por demais evidentes, depois acontece uma coisa destas, como a recolha de cerca de 180 Milhões de brinquedos. Quanto custou á Mattel esta recolha, tanto em dinheiro como em imagem? Nunca se irá saber porque isso são contas que a poucos interessa que venham a “terreiro.
Ora e o que é que esta questão tem a ver com a Murtosa…TUDO e NADA!
Caso algum dia se venha efectivamente a aprovar uma qualquer lei que garanta mais liberdade aos patrões para despedir a seu bel prazer, a Murtosa nunca será, ou será muito pouco afectada por uma medida desta natureza pela simples razão que não produz postos de trabalho e não nos venham com a semântica de que somos um concelho pequeno, com poucos recursos, blá,blá,blá.. vejamos em termos comparativos a situação dos nossos vizinhos de Estarreja. Há 10 anos e “pico” atrás o que é que era Estarreja? Um concelho que vivia maioritariamente do seu parque químico que dava trabalho a muita gente (ainda hoje dá), hoje instalam-se lá : Intermarchés, Pingos Doces, Lidls, Hotéis…. e a Murtosa continua paulatinamente o seu caminho em direcção a “ontem”
Mas será assim tão difícil competir pela instalação de uma destas superfícies na nossa terra? Estarreja dista uns meros 6-8 Km’s da Murtosa, as acessibilidades entre os dois concelhos são razoáveis, portanto distância é um factor praticamente negligenciável, então onde reside a diferença? Em nosso entender, só poderão residir nas condições oferecidas. Imagine-se que se cedia terreno a uma destas empresas para se instalar no nosso concelho…imagine-se… e em contrapartida 60% dos postos de trabalho a serem criados teriam que mandatoriamente ser destinados a quem tivesse residência no concelho, sendo os restantes 40% de livre escolha da entidade empregadora…
O desenvolvimento da Murtosa não se pode confinar exclusivamente ou quase, dos negócios imobiliários, que são como todos nós sabemos, controlados por meia dúzia de “empresários”/”Contructores”
Daqui a 10Anos o que é que será da Murtosa?
- Uma população cada vez mais envelhecida.
- Um “Dormitório”… ninguém trabalha no concelho, só lá reside…
- Um local aprazível para passar o verão, onde quem pode terá uma casinha de praia para os meses de Julho e Agosto.

Que será feito dos jovens que não terão a possibilidade de sair da Murtosa e procurar emprego por outras paragens? Onde encontrarão sustento?...Ahhhh…pois….. na construção civil dos tais empresários… Que será feito da Murtosa?

Será que caminhamos inexoravelmente para “ontem”?
E quando lá chegarmos o que fazemos?

Dá que pensar não dá ?

segunda-feira, setembro 17, 2007

A Verdade é Relativa

Perdeu-se o encanto e por fim habituamo-nos ou pior ainda fomos “politicamente domesticados”, honestamente não sabemos qual o pior cenário.
Quando ingressamos nesta aventura pela blogosfera, constatamos que, muito provavelmente por ser “fruta da época”, pululavam blogs de opinião e blogs sobre a Murtosa e da Murtosa.
Nos dias que correm, a blogosfera Murtoseira mais parece um cemitério de "navios encalhados",salvo algumas raras excepções, estes blogs encalhados aparentemente nunca mais serão resgatados. Cremos que o “boom” da blogosfera Murtoseira se pode plenamente justificar com a 5ª lei do Abrupto sobre os debates da Blogosfera:

"A blogosfera é a Aldeia dentro da Aldeia Global, todos são vizinhos, todos sabem tudo de todos, todos zelam activamente para que se cumpra a regra principal da Aldeia: o igualitarismo tem que ser absoluto. "
NOTA 1: Se eu faço também tu tens que fazer. Se tenho comentários também tu tens que ter. Se faço muitas ligações, também tu tens que fazer. Se eu tenho contadores também tu tens que os ter.
NOTA 2: A patrulha da igualdade é uma das actividades mais generalizadas na blogosfera.
NOTA 3: Na blogosfera há luta de classes.

Mas será que o universo de pessoas que se socorrem deste meio, seja por curiosidade ou por necessidade diminuiu? Não nos quer parecer que seja esse o caso, basta ver que no que nos toca ” The Powers to be”, como adjectivava o Mulder da série "Os Ficheiros Secretos", aos que a coberto do anonimato, tentavam condicionar a sua conduta, forma de estar e por conseguinte as suas conclusões, por norma incómodas ao “Establishment”…., continuam de quando em quando a dar um “arzinho” da sua graça, mostrando que embora na penumbra anónima, continuam “atentos”… é pena, pois a Murtosa precisa efectivamente de vozes interventivas, sejam elas veículadas de que forma for, caso contrário estagnamos, paramos no tempo e por conseguinte empobrecemos, mas este “Establishment” está para a Murtosa como o “Sistema” está para o futebol. Todos sentem os seus efeitos, alguns sabem ou suspeitam quem são, mas ninguém lhe põe a vista em cima….e o resultado no futebol está por demais evidente e á vista.

Vejamos o caso do stand da Murtosa na FARAV… dependendo da “verdade” que se pretende encarar ou transmitir, o stand estava fantasticamente bem conseguido ou então era uma demonstração inequívoca de “desgaste mental”, em nosso entender estava o stand fantasticamente bem conseguido, pois representa fielmente e em absoluto a Murtosa de hoje.
A Murtosa de hoje não é mais nem menos que um ponto de passagem, nada mais que isso. Gostamos que assim seja? CLARO QUE NÃO!, mas a verdade nem sempre é bela nem romântica. Todas as outras “terras” expuseram o que de melhor tinham, nós fomos de igual forma apresentar o que de melhor temos ou seja, uma via, um ponto de referência numa passagem para…outro lugar! Sob este prisma o stand da Murtosa estava excepcionalmente bem conseguido. Como questionava o António Morais no Jornal o Concelho da Murtosa, onde estavam as cangas, os barcos moliceiros, as barricas das enguias, etc…a resposta é simples: Não estavam, nem estão..
Para quê ir para uma feira promover estas coisas para consumo externo quando depois não estamos nem em condições nem temos a capacidade de as apresentar e potenciar? Será pior a emenda que o soneto ou se enveredarmos por exageros (ou será que é assim tão exagerada a afirmação, dependendo do amor que se tem á terra) "Mais vale a Morte que a Má Sorte…!" Senão vejamos: Se alguém que não conhece as redondezas quiser vir á Murtosa á procura das nossas “relíquias” onde se dirige? Quer saber mais sobre barcos moliceiros, quer saber coisas sobre cangas, histórias da Terra, enfim, tudo o que se procura quando se visita uma terra onde nunca estivemos…onde vão?

Onde é que se pode ter contacto directo com todas esta história, todos estes artefactos e todas estas iguarias que eventualmente apresentaríamos numa FARAV?
No entanto ao apresentar a Murtosa como uma via onde não se consegue vislumbar um fim, deixamos todos os destinos em aberto.
Pão de Ló…basta ir a Ovar, segue-se pela estrada da varela e depois da ponte, na rotunda vira-se á direita e segue-se sempre em frente…
Moliceiros e Cangas…basta ir até Pardilhó…
Festas de S.Paio…bem essas ficam de facto na Murtosa, mas como não se publicita, também não se pergunta…

Já agora para os menos atentos : FARAV ( Feira de Artesanato da Região de Aveiro ) decorreu entre os dias 4 e 12 de Agosto no parque de feiras e exposições de Aveiro.
Sendo no entanto esta uma feira de artesanato, pode o mais comum dos murtoseiros questionar:
- O que raio tem uma via e duas bicicletas a ver com artesanato?
- O que é que apresentar a Murtosa como um concelho dedicado á voacação cicloturistica tem a ver com artesanato?
- O que é que apresentar a Murtosa como um destino priveligiado para o uso de bicicletas tem a ver com artesanato?

A Verdade é relativa, portanto escolham uma que melhor vos servir.

terça-feira, setembro 11, 2007

S.Paio da Torreira - Edição 1922

Ainda a propósito das festas do S.Paio da Torreira, numa pesquisa que fizemos na net demos com esta verdadeira pérola...

http://www.prof2000.pt/users/secjeste/arkidigi/C_da_Silva/opcoes.htm

Deliciem-se...

segunda-feira, setembro 10, 2007

O S.Paio da Torreira - Edição 2007

Como vem acontecendo há já várias décadas, o S.Paio marca por norma o fim da época balnear na nossa Torreira. A partir do fim das festividades, grande parte dos estabelecimentos encerram para um curto período de férias e o movimento de pessoas começa a decrescer. Este ano não fugiu á “norma”…

O Programa de 2007 não trouxe nenhuma novidade, admitindo-se a contenção de custos a que todos estamos obrigados adicionado ao facto de que culturalmente a Murtosa tornou-se um deserto e sabendo que se é de facto ascasso tanto na capacidade como na ideia …, aceita-se o nível da “musicalidade” oferecida este ano e pese embora o “fogo no mar” tenha ficado algo a desejar, o “fogo na ria” foi muito bom deixando os milhares que assistiam bastante satisfeitos, fora isto… foi o mesmo do mesmo…

Notório é de facto o protagonismo que as noites do S.Paio têm vindo a ter a cada ano que passa e 2007 de todo não fugiu á regra. O ditos bares de praia estiveram lotados, dizem, até ao raiar do dia na sexta e no sábado á noite e quase que foi preciso obrigar aquela gentinha toda que se apinhava pelo areal e pela rua fora a ir embora, pois ninguém parecia querer “arredar pé”, nem quando os funcionários camarários iniciavam a limpeza das ruas e de parte do areal, miúdos e graúdos arredaram pé. A música continuava a tocar, o álcool a jorrar e as tasquinhas dos cachorros, bifanas e porco no espeto sem mãos a medir para aviar tanta gente.
Resta saber se aprendemos a lição do ano passado…
No domingo o areal em frente aos bares de praia estava num estado absolutamente lastimável, tal a quantidade de copos e lixo atirados pelo areal fora. A ver vamos se este ano temos uma pouco mais de “tomates” e mandamos quem tem por obrigação, fazer a devida limpeza deixando o areal como deve ser…

Enfim, diziam os de antigamente:
“ Para Onde Vais? “ …. “ VOU PRÓ S.PAIO” - Respondia-se com energia no primeiro dia das festas
“ D’onde vens?” …. “Do S.Paio” – Era a resposta arrastada de quem tinha passado os dias na folia e já só pensava numa noite bem dormida numa caminha quentinha…

O S.Paio hoje continua a ser assim, mudaram as gerações e os hábitos mas temos alguma pena que esta grandiosa festa continue a ser para consumo maioritariamente “doméstico e de arredores”.

Por muito menos, meia de dúzia de “gatos pingados”… onde “judas largou as botas” aparecem nos jornais nacionais das televisões, porque se lembraram de fazer uma “tainada” e alguém teve a peregrina ideia de dar um “toque” ás estações de televisão, cuja saciedade por noticias que não envolvam, Casas Pias, Maddies, Taxas de Juro, Desemprego, Futebóis e afins é por demais notória… nós por cá… e depois admiram-se do que acontece nas FARAV…. (havemos de voltar a esse tema, porque creio que meia Murtosa ainda anda de “boca ao lado”….)

S.PAIO….P’ró ano há mais…….. do mesmo!