sábado, maio 28, 2005

Ó Professor, mas que desgosto...

Foi com alguma surpresa e muita tristeza que li a noticia que de seguida transcrevo, onde só posso lamentar profundamente o sucedido.
Pelo pouco que conheci do Prof., pelo que li e ouvi de pessoas que privaram com ele acredito piamente que o desgosto abarca com esta atitude dois mundos e onde quer que esteja, quiçá lhe reste o desejo que um dia , uma dia...... o seu espólio seja devolvido a quem de direito ou seja , á sua bela e amada Murtosa...

“Município de Estarreja Dixit: “
No dia 22 de Maio, pelas 12h00 , na Casa da Cultura de Estarreja , procedeu-se à escritura de doação à Câmara Municipal do espólio literário do Prof. Jaime Vilar, por vontade da sua viúva ,
D.Augusta Ramos.

Nascido no Bunheiro, em 1927, desde cedo revelou apetência para as letras, influenciada pela sua frequência de Seminários em Portugal e Espanha, que veio a abandonar por razões de saúde. Daí, regressado à Terra Natal, dedicou grande parte da sua vida ao estudo , ensino e divulgação do seu profundo conhecimento, extravasando sempre uma forte veia bairrista, que se tornou em referência incontornável da Cultura Marinhoa.
Leccionou no Externato S. João de Brito , na Murtosa , e no Colégio/Externato Egas Moniz , em Estarreja, as disciplinas de Português, Latim, História e Filosofia, deixando em todos os que com ele conviveram enorme saudade, sentida ainda hoje pelos seus antigos alunos e colegas.
Foi Presidente da Junta da Freguesia do Bunheiro e Vereador da Câmara da Murtosa , além de funcionário dessa mesma Autarquia.
Inteligente e humilde, derramou o seu saber em centenas de textos espalhados por jornais de Estarreja e Murtosa , que dele obtiveram, sempre, tudo o que se lhe pedia . Foram anos e anos de colaboração desinteressada , que continuaram na Radio Moliceiro, de Pardilhó, e que culminaram com os deliciosos programas " Ao sabor da maré " na Radio Voz da Ria .
Reconhecida é a sua faceta de melómano, sendo em Pardilhó e na Banda Clube Pardilhoense que, como executante, deu asas à sua viva sensibilidade artística. Apaixonado pela cultura Marinhoa, publicou o seu 1º livro , " BARCO MOLICEIRO. Que futuro ? " , manual simples, mas ainda de grande utilidade para melhor conhecimento do barco e do homem da Ria. Depois , veio a lume
"HISTÓRIAS POR CONTAR" , repositório de histórias, algumas da sua própria vida , outras de casos e costumes do seu tempo, outras ainda fruto da sua brilhante pena.
E já na Biblioteca da Murtosa publicou a biografia de " RUY DO VOUGA " , poeta Murtoseiro desconhecido da grande maioria dos conterrâneos. Nos últimos anos de vida , foi tentando a recolha de tradições em vias de extinção , de biografias de Murtoseiros ilustres, da migração de muitos outros por várias partes do País, iniciando um trabalho que certamente será de grande utilidade para aqueles que queiram continuar a sua dedicada pesquisa e um dia escrever a nossa História colectiva. Nunca escondeu a especial preferência por Estarreja e as suas gentes, a que não será alheio o facto de aqui ter vivido os melhores anos da sua vida quando espalhava no Colégio o seu imenso saber, também demonstrada na constante colaboração na Imprensa e Radio locais, defendendo a sua terra, os nossos costumes e, sobremaneira, a Cultura que nos une.
Na " pagela " que a extremosa viúva , D. Augusta , publicou aquando do seu falecimento em 1999, podemos ler " NINGUÉM MORRE QUANDO FICA VIVO NO CORAÇÃO DE ALGUÉM " , feliz pensamento de Santo Agostinho que no Prof. Jaime Vilar faz verdadeira fé.

Com a presente doação do espólio literário, Estarreja sente-se grata pelo simbolismo do gesto e pela valiosíssima memória que a família deposita nas mãos do Município


Sem qualquer outro comentário possível pois a tristeza não o permite.

segunda-feira, maio 23, 2005

Amigos da Ria e do Barco Moliceiro ou nem por isso ?

Foi com algum espanto que ao ler uma edição do jornal “ Correio da Murtosa” passando os olhos pelo artigo “São precisos mais amigos da Ria” me apercebi das dificuldades que aquela associação vive e o mais caricato de tudo é que dado que as quotas dos sócios não chegam para as despesas uma importante fonte da sua sobrevivência provem da ajuda financeira de outras edilidades !!! ESPANTOSO !
Aveiro, Ovar e até a Nazaré têm sido as autarquias que têm dado o seu contributo a esta associação, sendo absolutamente escandaloso que a edilidade Murtoseira NÃO CONSTE da lista de apoiantes.

Procurei saber junto de quem de direito a razão para tal despeito para com esta associação e quando me referi á notícia do jornal, disseram-me que a resposta á minha pergunta estava na página anterior á do artigo em questão.
Lendo o mesmo que se intitulava “Rotários em Presidência Aberta” fiquei elucidado.

A edilidade parece estar de mão atadas quanto á matéria de ajuda financeira, pois a mesma depende de uma votação por unanimidade aquando da atribuição do subsídio e aqui tem sido o busílis da questão pois esbarram constantemente na figura de uma única pessoa, a do
Manuel Santos, vulgo Manuel “garrafinha”.

As razões por detrás do seu voto contra parece que só na sua mente fazem algum sentido, mas é sem dúvida uma atitude lamentável, mais ainda estando esta figura popular da Murtosa (quem não conheçe os garrafinhas) a fazer parte do actual elenco camarário.
O S.Sousa tem que explicar a este senhor o significado de doutrina partidária,pelo menos no que concerne a salvaguardar os interesses históricos e cultutrais da Murtosa, representado pelas associações e colectividades.

Felizmente estamos em ano de eleições autárquicas e pode ser que alguem tenha, senão o bom senso, pelo menos a coragem de reformar este “garrafão” abrindo portas a que o novo executivo, sem demora repare esta asneira grosseira desta senhor, quiçá ressabiado por não ser "presidente da junta". . .

Meu caro Prof. Manuel Oliveira, preseverança, pois se há gente assim neste concelho,outros há com vontade de os “engarrafar”...e o vão fazer concerteza

Um abraço amigo e conte com este meu canto p’ra suporte e divulgação do vosso trabalho.

segunda-feira, maio 16, 2005

Autoridade Murtoseira

Que se faça uma recolha de assinaturas, uma petição ás autoridades competentes mas que se faça..... o quê?....que se entregue a segurança do Concelho á FLM.

Isso mesmo, entregue-se a responsabilidade de zelar pela nossa segurança á FLM e eles que vivam á altura do nome que ostentam : “ Frente Libertadora Murtoseira” e nos libertem da inépcia das autoridades locais que para alem de enfeitarem o posto local ( e nem isso fazem condignamente ) de pouco ou nada servem, com execpção de serem exímios “passadores” de multas e aprendizes de enólogos....

A droga e o desrespeito corre nas ruas da terra e todos sabem por quem, onde e de que forma ela corre, sendo assim o que é preciso fazer para se pôr cobro á situação?
Li há dias no blog “Palavras Cruzadas” um comentário ao post “Só faltavam cá estes” que citava as peripécias de um “bitá-olra” em frente ao posto da GNR. Inenarrável ! Agora esta situação absolutamente surreal de um assalto do outro lado do posto da GNR, onde a ser verdade o que tenho lido, foram de uma inépcia absoluta.

Lembro-me bem quando o “terror” na Murtosa assumia o rosto dos inefáveis “tuínhas”, não havia baile onde estas “pestes” aparecessem que não degenerasse em “pau e água á jarra” e como é que de um momento p’ro outro “baixaram a bola” e começaram a portar-se como "homenzinhos"?, quando um belo dia levaram um “arraial de porrada”.
Com isto não estou de forma alguma a exortar á violência mas o exemplo é concreto e válido ou seja , chegou um dia em que se disse CHEGA e estes ”meninos” tiveram que ser postos na linha e quando "a coisa" não vai a bem vai a mal.

Algum dia a situação da violência e desacatos na Murtosa, a levar o caminha que leva, vai chegar a um ponto em que só assim é que se resolverá a questão.
Uma versão Murtoseira das “Mães de Bragança” mas com outra motivação claro.

Pague-se aos rapazes da FLM em dinheiro,géneros ou outra coisa qualquer mas das duas três:
Ou as autoridades locais começam a dar sinais de que estão á altura dos cargos que ocupam e a fazer aquilo para o qual são pagos ou então que se entregue a responsabilidade a uma “Frente Libertadora “ qualquer , agora continuar assim é que não!

domingo, maio 08, 2005

Factos Históricos - II

"Foi talvez pelo ano de 1200 que se fixaram neste rincão da beira-mar algumas famílias de marnoteiros e pescadores que não tardaram a aproveitar também os recursos da terra.
Numa doação ao convento de Tarouca, no ano de 1242, aparece mencionada, com o nome de Morrecosa ou Mortecosa, uma marinha de sal que não será temerário aproximar das origens da Murtosa, no entanto, é possível que, a princípio, lavradores e pescadores formassem classes aparte, pois a actual vila provém de dois núcleos distintos.

Pardelhas pertenceu ao termo de Figueiredo, e os seus moradores eram foreiros do mosteiro de Vila Cova, situado na freguesia de Sandim.

Murtosa entrou no Couto de Antuã e Avanca, pertencente ao Mosteiro de Arouca.

Ambas se desenvolveram a par e formaram em bom entendimento uma unidade para o governo eclesiástico, antes de constituírem uma unidade para a administração civil.
Num "Promptuário das Terras de Portugal" organizado em 1689, afirma-se explicitamente essa divisão: pertenciam ao termo da Bemposta os lugares do Ribeiro, Agra, Rua do Ribeiro, Pardelhas, Outeiro, Caneira e a Póvoa da Saldida; ao de Estarreja ficavam Murtosa e Monte.

A documentação relativa aos dois aglomerados populacionais tem de procurar-se respectivamente no que resta dos cartórios de S.Bento da Ave-Maria (para a qual passaram as freiras de Vila Cova em 1535) e de Arouca.