Com publicação no JN, pela sua importância e relevo, reproduzimos na íntegra a entrevista dada por Eduardo Costa, o presidente dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro.
Esperemos que o "Sangue Novo" injectado no elenco camarário e tantas vezes enaltecido pelo presidente da edilidade, tenha a inteligência e a capacidade de acompanhar, conjuntamente com as restantes autarquias envolvidas, esta associação com sede na Murtosa.
Segue a entrevista :
O moliceiro do futuro vai chamar-se moliate.
O nome diz quase tudo. É uma mistura de moliceiro com iate, uma combinação para o barco tradicional da ria se transformar numa embarcação confortável que permita passar horas ou dias na laguna de Aveiro.
O projecto da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro (AARBM) , a única entidade que ainda constrói moliceiros, está para ser aprovado pelo Instituto Marítimo Portuário, contando a AARBM fabricar ainda este ano o primeiro moliate, o moliceiro cabinado.
O estilista Miguel Vieira foi convidado para desenhar e decorar a embarcação, que irá custar entre 35 a 50 mil euros. Tradicional não acaba"Isto não significa o fim do moliceiro tradicional", frisa Eduardo Costa, o novo presidente da AARBM, uma instituição sediada na Murtosa.
"Os nossos estaleiros vão continuar a fazer moliceiros, mas para isso é necessário que haja encomendas", lembra. O que não aconteceu o ano passado. O único estaleiro que constrói moliceiros apenas reconstruiu embarcações em 2005.
"Perto de meia centena, mas nenhum novo", confirma o responsável da associação.
A Câmara de Aveiro, e também a de Ovar, têm sido os principais impulsionadores da produção de moliceiros, "mas não chega", diz Eduardo Costa. "É necessário que as restantes autarquias da região e a própria Associação de Municípios da Ria digam o que querem para o barco histórico. Temos a estrutura montada, só falta quem garanta a sustentabilidade do ex-libris", refere o presidente. É neste quadro de marasmo que surge a ideia de avançar com o projecto de um moliceiro com cabina, à imagem de outras embarcações tradicionais europeias que se actualizaram em termos de conforto, navegando ao encontro das necessidades do mercado.
"O moliceiro não tem condições para se passar muitas horas na ria, não só pelo desconforto, mas também devido à navegabilidade, daí a ideia do moliate", contextualiza Eduardo.
Capacidade para 10 pessoas , a cabina vai alterar a estrutura do barco. Uma empresa de Lisboa efectuou o projecto de estabilidade da nova embarcação que manterá, todavia, uma série de características tradicionais, como as cores, os desenhos, as legendas e o comprimento. O moliate medirá cerca de 15 metros, mas será mais largo. Terá quatro metros. O moliceiro tem cerca de 2,60 metros. "Ficará equipado com beliches e outras estruturas de apoio, podendo acolher até 10 pessoas", avança Eduardo Costa. A decoração interior, bem como o design do moliate, deverá ficar a cargo do estilista Miguel Vieira, um aveirense do norte do distrito, que já fez um primeiro esboço do barco. Miguel Vieira não quer, para já, apresentar a primeira imagem, pois poderá não ser a definitiva.
O moliate poderá vir a ser feito em fibra de vidro, mas o primeiro será feito em madeira, tal como os moliceiros, e já tem destinatário(s). "Um grupo de directores vai comprar o primeiro", revela o presidente. O moliceiro cabinado custará "entre 35 e 50 mil euros", estima o director, que espera ver ainda este ano o primeiro moliate na ria de Aveiro.A associação espera construir quatro moliates por ano, devendo, para isso, contratar mais dois mestres de carpintaria.
Do estaleiro da Murtosa sairá a embarcação que "permitirá aos amantes do moliceiro gozar a ria com todo o conforto", conclui Eduardo Costa.